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PSICOLOGIA

DO TRADER

 

 

É raro (talvez impossível) encontrarmos alguém nos mercados que não tenha cometido uma "burrada", na mais pura concepção da palavra. E dependendo do tamanho do deslize, as conseqüências para a sua vida podem ser extremas.

 

No post "O que fazer quando não há o que fazer?", Marcos Elias discorre com todo o humor ácido que lhe é peculiar sobre as agruras de quem passa por essa situação. Abaixo segue o trecho inicial:

 

"Você perdeu o dinheiro para seu MBA em opções de Petro? Você comprou uma small cap que vem caindo consistentemente, e não vê nenhum comprador na pedra? Você fez um termo, e dependendo deste resultado, terá que vender seu apartamento? Comprou ações financiadas pelo cheque especial?

 

Dobrou a aposta e o preço do ativo continua se esfacelando? Se você já enfrentou uma situação como esta, sabe o tanto que é difícil “manter-se vivo”: todos os pensamentos estão focados naquela questão, você está monotemático, não dorme à noite e, durante o dia, mal consegue trabalhar. Se anima em comparecer a uma festinha de criança com sua esposa, unicamente motivado pela esperança de “haver alguém no buffet que possa entender de ações”. Enquanto espera que lhe cortem os frios na padaria, você acha pertinente “puxar aquele papo” sobre o termo com a atendente de balcão. Normal! Quem nunca fez? Calcula seus potenciais prejuízos em números de carros, de viagens, de salários mensais ou se daria para cobrir uma festa de casamento. Teu único e verdadeiro desejo é ver-se livre daquela situação? Se você está nessa, aqui vão algumas orientações:"

 

 

O MERCADO NÃO É LUGAR PARA MASSAGEAR O EGO

 

Acompanhando a história de pessoas bem-sucedidas no mercado de ações, conseguimos identificar uma variedade imensa de formas de operar. Alguns trabalham com o curto prazo, outros com o longo prazo. Alguns adotam operações de maior risco, outros mantêm o risco sobre constante controle. Alguns operam opções, muitos operam ações. E por aí segue.

 

Mas comum a todos eles encontramos uma coisa: todos, em algum momento, entenderam que a sua opinião e análise só importavam quando estas estavam de acordo com os movimentos do mercado. Entenderam que o mercado não é lugar para defender teses. Entenderam que medir forças com o mercado não leva a lugar nenhum.

 

Isso pode parecer fácil de fazer, MAS NÃO É. Adotar as idéias acima implica em guardar o ego lá no fundo da gaveta, pois estas idéias farão com que você tenha que admitir, com uma certa freqüência, que você está errado. E como resistimos em admitir que estamos errados... definitivamente, não é nada fácil.

 

Mas o que não sabemos é que quando admitimos que estamos errados frente ao mercado, passamos imediatamente a estarmos certos frente a nós mesmos. Quando admitimos o erro assumimos a postura de honestidade frente a dois importantes juízes: a nossa consciência e o nosso bolso.

 

Em um trecho da entrevista com Marty Schwartz, presente no livro "Markets Wizards: Interviews with Top Traders", (Jack D. Schwager) ao ser perguntado "Por que a maioria dos Traders perde dinheiro?" ele respondeu:

 

Porque eles preferem perder dinheiro a admitirem que estejam errados. Qual é o pensamento do Trader que está em uma operação perdedora? "Eu vou sair quando estiver no 0x0." E por que sair no 0x0 é tão importante? Porque isso protege o EGO. Eu me tornei um Trader de sucesso a partir do momento em que fui capaz de dizer, "Para o inferno com o meu EGO, estou no mercado para ganhar dinheiro, e não para estar certo todo o tempo."

 

Essa é realmente uma lição e tanto. Simples, mas poderosa. Da próxima vez em que uma operação atingir o ponto de stop, não hesite e nem se engane. Esse é o claro sinal de que você errou. Errou. E daí? Isso acontece, feche a posição, acalme sua consciência e siga em frente.

 

 

O PROBLEMA DA ANCORAGEM 

 

Ancoragem pode ser definida como a utilização de um ponto específico de saída de uma operação, ponto este predeterminado e que pode ser tanto em valores percentuais como em valores absolutos.

 

Se você inicia uma operação tendo já definido que você irá vender o ativo quando este valorizar em 10%, por exemplo, você criou uma âncora. Se a operação correr a seu favor, tudo ótimo. Mas se não correr, a âncora está lá, prendendo os seus movimentos e te impossibilitando de encerrar a operação em um ponto inferior, mesmo que a situação indique para assim proceder.

 

Âncoras também trazem problemas quando associadas a um ponto de stop. Imagine que você iniciou uma operação e determinou que se o ativo desvalorizasse 5% a operação deveria ser encerrada. Mas o ativo, de uma vez só desvaloriza 7%. O comportamento comum é aguardar para que o ativo volte aos 5% de desvalorização para que você encerre a operação, pois a âncora (e o seu pensamento) está lá.

 

Trend Following não cria âncoras. O que determina se devemos sair ou continuar em uma operação são os critérios de análise de tendência. Traduzimos diariamente estes critérios em valores apenas para ter um parâmetro objetivo de comparação, mas eles não são âncoras, pois não são predeterminados. Os pontos de saída de uma operação são móveis, não fixos.

 

O que nos guia são os sinais de tendência, que refletem uma análise da situação. E isso é ótimo para evitar o problema da ancoragem. Nesse mar financeiro, quem lança âncora, afunda.

 

 

ONDE FOI QUE EU ERREI? 

 

Ok, você opera a um bom tempo no mercado, tem um sistema de operação objetivo e bem definido, mas mesmo assim não consegue resultados consistentes.

 

Com o tempo, isso tende a te levar a uma ou mais das seguintes situações:

 

Querer operar com maior freqüência, buscando periodicidades cada vez mais curtas. Se operava no semanal, passa a trabalhar no diário. Se trabalhava no diário, passa para o intra-diário.

 

Sentir uma vontade enorme de querer operar vários papéis ao mesmo tempo.

 

Começar a buscar por operações de maior risco, como opções, termo, alavancagem, etc.

 

Perder a confiança em abrir novas operações.

 

Começar a selecionar os sinais que o seu sistema de operação apresenta.

 

Decidir mudar por completo o seu sistema de operação, continuando assim a busca pelo sistema perfeito que irá resolver todos os seus problemas.

 

Mas de fato, nenhuma das atitudes acima irá te ajudar. O que irá te ajudar é a identificação da fonte do seu erro, com ações adequadas para corrigi-lo. 99% dos erros de operação nascem nas lacunas do controle emocional do investidor, mas a sua manifestação pode se dar em fases diferentes da operação. As manifestações mais comuns se dão através dos seguintes erros:

 

1 - Você pode estar deixando passar as oportunidades de compra e venda que se apresentam diante de você. Quando uma operação se apresenta, não dá para saber se ela será A OPERAÇÃO ou não. Portanto, se temos critérios e métodos bem definidos, operação identificada é operação iniciada.

 

2 - Uma vez iniciada uma operação, você pode estar se recusando a ouvir os sinais que indicam a hora de sair. Isso normalmente resulta em diminuição do resultado, e por vezes pode levar a prejuízos difíceis de recuperar.

 

3 - Você pode estar dimensionando mal o tamanho das posições assumidas. Em um extremo (posições muito pequenas) isso faz com que seus ganhos nas operações não contribuam de forma significante para o seu aumento de capital, e no outro extremo (posições muito grandes) faz com que perdas que seriam normais no processo de operação se tornem significativamente danosas para o seu capital, e de difícil recuperação.

 

 

O PILOTO SUMIU?

 

Será que ele algum dia existiu?

 

Ganhar em períodos de alta é muito fácil, pois mesmo uma compra feita sem critérios e no momento errado possui grandes chances de reverter o prejuízo ainda no curto prazo. Então nós ficamos com a ilusão de que somos os "ban-ban-bans", que sabemos o que estamos fazendo, blá, blá, blá.

 

Então o momento muda, e aí a realidade nua e crua se apresenta para quem não estava preparado.

 

O que procuramos passar neste livro procura contribuir para a sua formação como um investidor consciente, capaz de identificar tendências, definir momentos adequados de entrar e sair, controlar a questão emocional e gerenciar o risco das suas operações.

 

Tudo isso para evitar que você faça parte do grupo dono das frases abaixo. Elas foram retiradas de alguns fóruns e exemplificam o que eu falei acima. As referências de nomes e Nicks foram retiradas para preservar o anonimato.

 

Às vezes, observar a realidade dos outros é a melhor maneira para tomarmos consciência da nossa própria realidade.

 

Apertem os Cintos, a Consciência do Investidor Sumiu:

 

"Olá Companheiros de batalha. Estou iniciando no HB, e já com grande prejuízo após perdas ainda maiores em 2008 em fundos de ações com a crise."

 

"Para quem já perdeu um percentual considerável do investido na MMXM3, o mais indicado é aguardar a tempestade acabar ou vender e amargar o prejuízo?"

 

"Amigos Forenses quantos de vocês estão segurando o prejuízo acreditando que o papel vai melhorar? O que acham segura e esquece do papel ate melhorar ou realiza o prejuízo e deita e chora! Tenho VALE5 com -20%, PETR4 com -15% e GGBR4 -20% ... Abraços"

 

“Resposta de um Forista: "Tenho GGBR4 e já esqueci.. o negócio é deixar pra LP, aí ela recupera."

 

"Tá feia a coisa, estou repensando minhas ações, para trabalhar na bolsa, estou sinceramente pensando em vender minhas ações para LP e operar DT somente, pegar repique, estou vendo meu dindim virando pó."

 

"Estou desolado, só acumulando prejuízos, vou parar por uns dias."

 

"Me ajuda!! estou comprada e tendo forte prejuízo de 20%, não coloquei stop. Esta com cara de mais queda no curto prazo? Não sei se ZERO tudo, mas tenho receio de zerar e o mercado repicar..."

 

"Fiz algumas operações nos últimos meses, e estou aprendendo com os erros e acertos... Agora, vou ficar quieta e deixar o que tenho pra LP, porque tá tudo com prejuízo..."