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UMA FILOSOFIA DE INVESTIMENTOS
PARA CHAMAR DE SUA

 

 

Você vai ter que escolher e seguir uma filosofia de investimentos, que norteará a escolha correta da sua estratégia de investimentos. Entendo como filosofia de investimentos todo e qualquer preceito coerente que estabeleça de que maneira você se relacionará com o mercado financeiro, com seu dinheiro e tudo isso com o seu cérebro. Possuir uma filosofia de investimentos significa que você possui enraizado na sua mente uma série de crenças, valores e convicções a respeito de qual o comportamento que você terá mediante todas as adversidades que o mercado irá lhe apresentar. Possuir uma filosofia de investimentos lhe permitirá manter-se focado numa única estratégia e evitará que esta seja substituída toda vez que você ficar confuso ou perdido. Posso definir claramente três filosofias de investimentos distintas: o “Fundamentalista”, o “Grafista”, e o “Trend Follower”. Uma vez escolhida a sua filosofia de investimentos, você terá que desenvolver e treinar seu cérebro para ele, que se adapte a conceitos, estratégias e comportamentos totalmente diferentes conforme a sua filosofia de investimentos seja escolhida. Achar que poderá usar um pouco de cada filosofia para conseguir vencer nos mercados é definitivamente não recomendável e deverá ser evitado a qualquer custo!

     

GRAFISTA, FUNDAMENTALISTA OU SEGUIDOR DE TENDÊNCIAS?     

 

FUNDAMENTALISTA


Ser “Fundamentalista” significa que você acredita no uso dos fundamentos das empresas, para tomar decisões de investimentos baseados no que os balanços, economia e seus estudos nos dizem. Veja alguns conceitos amplamente utilizáveis pelos Fundamentalistas: Razões de variáveis de desempenho como faturamento (bruto ou não), lucros (líquidos ou não), patrimônio líquido, endividamento etc... Que comparados com os preços dos ativos produzem uma série de indicadores para as tomadas de decisões. Projeções de preço alvo, preço justo, são corriqueiros, e a sua obtenção é derivada do uso variáveis microeconômicas e macroeconômicas onde cada analista pode produzir resultados completamente diferentes conforme suas estimativas quanto ao futuro de uma empresa ou a economia. Fica evidente (e assustador), que todas estas variáveis são de e escolha de cada analista, podendo estas estarem no mundo das “previsões”, apesar de que a imagem que temos deles é mais respeitosa possível. Fica evidente o uso indiscriminado e abusivo de “Bolas de Cristal”.


No mundo competitivo em que vivemos hoje, não seria de esperar que você escutasse alguém de uma determinada corrente de pensamento defender ou apontar valores presentes em outra corrente de pensamento. Por isso é que raramente você vê alguém da linha de Trend Following apoiar o uso de Análise Fundamentalista, e vice-versa.


Mas, caros amigos, perdoai-os pois eles não sabem o que dizem. As duas correntes são plenamente complementares, e quando utilizadas de forma correta formam uma dupla difícil de bater.


Análises fundamentalistas bem feitas, que vasculham e identificam os potenciais elementos de crescimento ou problemas de uma empresa, conseguem lançar luzes sobre elementos que só iremos identificar mais tarde, isso se a nossa atenção estiver voltada para aquele ativo. Isso é o que obtemos quando temos acesso a verdadeiros researchs fundamentalistas.


Por outro lado, análise fundamentalista não possui timing de mercado. Uma observação importante sobre uma empresa feita hoje poderá ser refletida nos preços apenas daqui a alguns meses, ou até mesmo nem se concretizar. Então, para poder tirar proveito dessas informações você precisa de alguma outra ferramenta/estratégia que te traga a noção do timing adequado de entrada e saída, isto é, você precisa de Trend Following.


Mas então vem a questão: se Trend Following me informa quando entrar e quando sair, para que eu preciso da análise fundamentalista?


Você precisa para melhor escolher em qual papel é melhor entrar. Suponha que três papéis de um mesmo setor dêem entrada simultaneamente pela sua estratégia de Trend Following.         Qual deles você escolhe para montar a sua operação? Qual deles está mais propenso a fazer um vôo de águia? Só uma análise fundamentalista pode te apontar o caminho.


Dizer que quem opera por Trend Following não deve fazer uso de researchs fundamentalistas é bobagem. Quem tem uma visão ampla e consegue enxergar além das brigas de ego existentes entre as diversas correntes percebe logo que o purismo não passa de uma defesa de mercado. Não faz sentido defender a privação de informações valiosas apenas porque delas não se sabe fazer bom uso.

 
Caro amigo, conheça um pouco mais de análise fundamentalista, identifique uma casa de boa reputação que possa te apresentar researchs de qualidade, e aprenda a inserir esse componente no seu processo de escolha dos papéis que compõem seu portfólio. Usando de forma correta, seus resultados só tendem a melhorar.


Keep in Mind: Não é Trend Following X Análise Fundamentalista, mas sim Trend Following + Análise Fundamentalista!


Uma das maneiras mais clássicas de investimento em ações, senão a mais clássica, é o método conhecido como Buy-and-Hold, ou em bom e velho português, compre e mantenha. Manter até quando?


E por que comprar e manter? Bem, o Buy-and-Hold se apóia em várias premissas para defender tal método, mas vamos aqui nos ater às duas que eu considero cruciais para entender o real risco envolvido neste processo:


A primeira delas é a de que ao comprar uma ação, você está na verdade comprando uma empresa, ou pelo menos parte dela. E se é assim, o que determina se você deve ou não continuar sócio de uma empresa não é exatamente o valor da ação hoje ou daqui a um ano, mas sim os fundamentos da empresa. Se a empresa é boa e próspera, então é razoável que eu queira continuar sócio dessa empresa.


A segunda é a premissa de que no longo prazo os fundamentos da empresa serão inexoravelmente refletidos no preço da ação, de tal forma que quanto mais tempo ficarmos com a ação, menos sujeitos estaremos às distorções de percepção do mercado.


É uma argumentação tentadora, temos de reconhecer. Porém, por trás dessa visão maior esconde-se nas entrelinhas aspectos que tornam esse tipo de investimento uma das formas mais arriscadas de se lidar com o mercado.


Arriscada? A forma mais popular de investimento em ações? Exatamente. E por que digo isso? Por causa da assimetria das informações. A mesma causa que em um céu de brigadeiro joga a favor do investidor que opta pelo Buy-and-Hold pode fazer com que ele perca grande parte dos seus investimentos quando as coisas não forem favoráveis.


Quando tudo vai bem, o Buy-and-Hold é quase imbatível como investimento. Isso acontece porque o investidor comum não possui meios para saber em tempo certo das boas novas que trarão valorização as suas ações. E não me venham falar em análise pura e simples de balanços, acompanhamento de notícias e entendimento da economia mundial. As informações são percebidas primeiro pelos mercados, e quando estas chegam aos ouvidos e olhos do nosso bem intencionado investidor já estão precificadas. E se é assim, a melhor forma de garantir a sua participação nessa onda positiva é estando no barco o tempo todo.


É assim que se vende o Buy-and-Hold. Essa é parte boa da história, e é isso que é contado nos panfletos que vendem o Buy-and-Hold como a forma mais segura de investimento em ações. Mas o que ninguém conta é o outro lado desse raciocínio. E esse outro lado é cruel.


Se a informação é assimétrica, isto vale para o bem e para o mal. Da mesma maneira que o investidor comum não possui meios para saber em tempo certo das boas novas que trarão valorização as suas ações, ele também não tem meios para saber em tempo certo das más notícias que levarão suas ações ao pó. Ele não tem como saber se uma desvalorização experimentada pelos papéis é mera especulação ou é fundamentada; se é fruto de uma percepção exagerada dos mercados ou se é fruto de um problema grave e sério na empresa de interesse.

   
Os adeptos do Buy-and-Hold justificam-se através da ilusão de que as informações públicas são suficientes para determinar as corretas perspectivas de uma empresa e assim fundamentar suas decisões de investimento. Mas o fato é que as informações públicas não são suficientes para isso, e aqui é que reside o real risco do Buy-and-Hold como método de investimento. Apoiar o racional de um método de investimento em análise de informações assimétricas é construir um castelo de cartas. Risco enorme. Funciona quando funciona, e ponto.


Hoje ainda é comum encontrarmos em meio aos analistas de mercado a eterna briga entre Análise Técnica e Análise Fundamentalista. Cada um puxando brasa para a sua sardinha, e procurando ridicularizar a outra forma de análise.


Esse comportamento, que beira à infantilidade, não tem espaço na vida do investidor consciente. Saber aliar o que de melhor existe em cada uma das correntes dá uma vantagem competitiva enorme. Dos elementos presentes em uma Análise Fundamentalista, a única que me causa desconforto é o chamado preço-alvo. Mas todo o resto é altamente relevante.


E como podemos tirar proveito da Análise Fundamentalista? Para quem segue tendências, a melhor maneira é utilizar os relatórios fundamentalistas para identificar empresas que estão sendo bem sucedidas em processos de reestruturação, ou que estão conseguindo explorar com sucesso novos nichos empresariais. Essas empresas tornam-se candidatas a se transformarem em "boom caps", isto é, empresas que poderão experimentar um crescimento avassalador em um curto/médio espaço de tempo.


Assim, a Análise Fundamentalista permite colocarmos em nosso radar de monitoração ações que, de outra forma, passariam despercebidas. Uma vez colocadas no radar de monitoração, utilizamos então Trend Following para encontrarmos o momento certo de entrar e sair do ativo.


Para ilustrar essa situação tomemos o caso da HERING (HGTX3). Este ativo não chamava a atenção de ninguém até o começo de 2009. Na retomada da crise entrou em uma tendência de alta, onde permanece até hoje com uma valorização acumulada de quase 1000% entre Março de 2009 e os dias de hoje.


Agora vejam só: em Julho de 2008 já havia relatório fundamentalista muito bem elaborado apontando a empresa como um caso de sucesso em função de ações com ótimas perspectivas de negócio para os tempos futuros. Isso é tudo que um seguidor de tendência precisaria saber para colocar esse ativo em monitoração, de forma a entrar no ativo assim que a tendência de alta fosse estabelecida.


Portanto, nada de "Análise Técnica (Trend Following) x Análise Fundamentalista".

Quem entende a importância dessas correntes sabe que é o correto é "Análise Técnica (Trend Following) + Análise Fundamentalista".


Considero também que a Análise Fundamentalista uma ótima ferramenta para falar sobre a "saúde" de uma empresa ou setor, da seriedade da governança aplicada e outros fatores relacionados a gestão e plano estratégico de uma empresa. E nesse sentido, sou plenamente favorável a sua utilização para separar o joio do trigo em termos de quais empresas devemos ou não operar.


Porém, há algo no meio das análises fundamentalistas que me chama a atenção pelo absurdo que representa: o famoso "Preço Justo". Quem não fica empolgado ao ver em algum relatório que o "Preço Justo" para a ação XPTO é de 100 reais para daqui a um ano, com um upside (valorização), portanto de 50% em relação ao preço atual? Muito bonito para florear relatório, e só.

 
Em que pese toda a utilidade da Análise Fundamentalista já citada acima, daí a ter a pretensão de estabelecer um "Preço Justo" para o momento futuro. Poupe-nos.

 
A montagem do "Preço Justo" de uma ação é carregada de previsões tão firmes quanto um castelo de cartas. Os modelos aplicados para determinar o "Preço Justo" necessitam de levar em contas variáveis que fogem totalmente ao controle dos analistas...  Daí a inutilidade dessa informação.


Da próxima vez que tiverem em mãos um relatório de análise fundamentalista, ignorem o "Preço Justo". Se atenham às questões sobre a saúde financeira da empresa, pontos fortes e fracos, viabilidade do plano estratégico da empresa e outras questões mais "pé no chão".


Sobre os preços... Deixem isso para o Mercado. Ele ditará a tendência, e se você for esperto irá segui-la até o fim dos tempos.

 

GRAFISTA


Ser “Grafista” significa que você basicamente acredita que movimentos de preços passados, podem se repetir, em diferentes tempos gráficos (gráfico intraday, diário, semanal ou mensal). Várias ferramentas são utilizadas nesta filosofia de investimentos, que são baseados em formações gráficas de tempo e preço que podem disparar ordens de compra e venda conforme a estratégia adotada. A Análise Técnica Tradicional é amplamente divulgada pelas corretoras e a indústria do mercado financeiro, a fim de popularizar as operações de curto e curtíssimo prazo, que geram o lucro das “corretoras de Home Broker”. Fica evidente (e assustador), que mais uma vez que quase que todas suas operações estão baseadas no pressuposto de tentar adivinhar os movimentos que o mercado fará, utilizando-se das projeções e retrações de preços (lá vem a Bola de Cristal de novo)!

     

                                                                         TREND FOLLOWER
      
Ser “seguidor de tendências” significa que você atingiu uma maturidade emocional elevadíssima, a ponto de nada mais te surpreender nos mercados. Você neste caso já deve ter experimentado tudo nos mercados (Dicas dos amigos, Dica da corretora, Notícias, Fundamentos, Análise Técnica, Horóscopo, Bola de cristal etc... e finalmente chegou a conclusão (tarde demais?) que não possui a menor idéia do que acontecerá nos mercados e nada mais te surpreende! Não ser surpreendido por nada nos mercados significa que você finalmente aceitou que as “Bolas de Cristal” não funcionam!, e então humildemente você aceita (apesar de anos de estudo e cursos de economia, Valuation e Análise Técnica) que você não tem a menor idéia do que acontecerá nos mercados, por isso resolveu seguir as tendências, somente as tendências! Uma vez que importantes paradigmas foram quebrados, e por mais revoltante que seja, você aceitou, que quase tudo que você estudou, incluindo os cursos, livros e DVDs de Análise Técnica Tradicional não funcionam e são puro lixo produzido por pessoas e empresas que geralmente tem profundo conflito de interesse, com o intuito de apenas vender livros, DVDs, cursos e gerar corretagem para as corretoras.


 

ESTRATÉGIA

 

Você precisará de uma estratégia! Possuir uma estratégia para especulação nos mercados significa que você possui um conjunto de regras previamente testadas e selecionadas que basicamente lhe ajudarão a decidir:

 

Quais os setup(s) que serão utilizados;

 

Quais ativos serão operados;

 

Qual o tamanho do capital operável;

 

Quanto capital será alocado em cada posição;

 

Quando montar uma posição;

 

Quando desmontar uma posição;

 

Quando encerrar uma posição (lucrativa ou não);

 

Quando manter uma posição;

 

Quando ficar de fora numa posição.

 

Se você tem uma filosofia de investimentos, então precisará de uma estratégia ou Setup (ferramenta de trabalho). As ferramentas de trabalho para os Trend Followers são muitas.